Sérgio Moro atualiza perfil no LinkedIn como senador após 5 meses no cargo
O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) atualizou o perfil profissional dele no LinkedIn com o cargo de senador, que ocupa há cinco meses, desde o início de fevereiro deste ano.
"Estou feliz em compartilhar que comecei, em fevereiro de 2023, um mandato como senador federal no Senado Federal da República do Brasil. Orgulhosamente representando o povo do Estado do Paraná. A luta por justiça continua", disse na rede de relacionamento corporativo.
Moro se apresenta como professor e consultor no LinkedIn. Assim como a publicação sobre a atualização do cargo, a biografia de apresentação do ex-juiz também é em inglês. No texto, ele destaca as atuações como diretor na empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal, em São Paulo; ministro da Justiça e Segurança Pública, de 2019 a 2020; e juiz da Operação Lava Jato.
O senador enfrenta um ambiente adverso no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), após mudanças na composição da Corte que podem pôr em risco o mandato dele. Nesta segunda, em entrevista ao Estadão, Moro atribuiu a "especulações fantasiosas" as ações que o acusam de abuso do poder econômico. "São mero estratagema do PT para calar, à moda venezuelana, à oposição democrática", disse.
Moro é investigado, principalmente, por suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha das eleições de 2022, com gastos eleitorais acima dos limites estabelecidos pela lei. O processo ainda está em fase de produção de provas, mas tanto adversários políticos quanto aliados apontam que mudanças recentes no Tribunal prejudicaram o clima favorável que o senador desfrutava até o mês passado.
Mudança na relatoria
A principal mudança foi a troca na relatoria do processo, que estava nas mãos de Mário Helton Jorge. Em junho, o desembargador uniu as ações do PT de Lula e do PL de Bolsonaro que pedem cassação de Moro por caixa 2 e, em uma das últimas ações no TRE, tomou decisão favorável a Moro, negando pedidos de diligências dos partidos. Entre eles, expedição de mandado de busca e apreensão contra o ex-juiz, inclusive com o recolhimento do celular do parlamentar, e quebra dos sigilos telemático, bancário e fiscal.
Helton Jorge voltou a se manifestar em favor de Moro, negando ao PL excluir testemunha da defesa na ação. Pela postura do desembargador, a expectativa era de que ele daria um parecer contra a representação.
No entanto, Helton se afastou da relatoria depois da divulgação de um discurso dele afirmando que a cultura do Paraná é "superior" à das regiões Norte e Nordeste. O próprio Tribunal de Justiça do Paraná disse que não endossa a postura do desembargador, que encerrou o mandato no TRE em 4 de julho.
A relatoria da ação, então, foi assumida pelo desembargador D'Artagnan Serpa Sá, que não é identificado como adepto dos métodos da Lava Jato e é apontado como um magistrado com independência para barrar eventuais pressões de aliados de Moro.
A posse de novos integrantes no Tribunal também aumentaram a tensão que pesa contra Moro. O advogado Julio Jacob Junior, por exemplo, é ligado ao ex-governador tucano Beto Richa, que foi alvo da Operação Lava Jato. Além disso, Jacob Junior foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em abril. O juiz Anderson Ricardo Fogaça também é visto como os que poderiam votar contra Moro em caso de provas consistentes.
Há também aliados do ex-juiz no Tribunal e a situação dele não está definida. O cenário, porém, não é favorável. Depois do TRE, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverá se posicionar. Em junho, o TSE determinou a cassação de Deltan Dallagnol, aliado de Moro na Lava Jato.